Hoje será dia de abordarmos um assunto polêmico envolvendo profissionais de tecnologia da informação, empresas, recrutadores e acadêmicos: o papel das certificações em TI e seu custo X benefício.
Antes de mais nada é importante contextualizarmos o que são as certificações. Certificações nada mais são que títulos oferecidos por entidades acreditadas (isto é, reconhecidas em seu âmbito de atuação) à profissionais que realizam testes e provas com o objetivo de comprovar seu conhecimento. Exemplificando, uma das certificações mais tradicionais é a certificação Project Management Professional (PMP) do Project Management Institute (PMI).
No domínio de Gestão de Projetos, o PMI é uma autoridade reconhecida, bem como criadora e responsável do Project Management Body of Knowledge (PMBOK), que é o guia de conhecimentos, ferramentas e técnicas aplicadas ao gerenciamento de projetos referência no mercado.
Aos profissionais que cumprem os pré-requisitos estabelecidos pelo PMI (entre eles Graduação de quatro anos + 4.500 horas de liderança e gestão de projetos + 35 horas de treinamento em gestão de projetos em entidades reconhecidas pelo PMI), a entidade oferece a oportunidade destes profissionais pagarem uma taxa (no momento deste post U$ 555.00) e se candidatarem à uma prova de 230 minutos, com 180 questões múltipla escolha (das quais 5 não são válidas para pontuação). Aos candidatos que dispuserem de uma taxa de aprovação de cerca de 80%, o PMI confere aos profissionais o título de Project Management Certified Professional pelo período de 3 anos. Após este prazo, o profissional precisa se sujeitar aos processos da entidade caso queira renovar sua acreditação.
Apenas com este exemplo podemos ver que o processo certificador das entidades pode representar aos profissionais um alto custo englobando: taxas de exames, custo de estudo e preparação e principalmente tempo. Tudo isto com o único intuito de obter um título de acreditação e reconhecimento daquela entidade. Isto nos remete mais uma vez à pergunta: em 2022 é válido investir em um processo de certificação?
Sem dúvidas, profissionais que possuem certificações se destacam e se diferenciam em processos seletivos. Em caso de empate entre candidatos, as certificações podem ser um fator decisivo na escolha do empregador. Há ainda o fato de que algumas destas entidades costumam fornecer selos de Silver, Gold ou Platinum Business Partner às empresas que possuírem grande quantitativo de funcionários certificados em suas tecnologias.
Respondendo nossa pergunta inicial, pode sim ser válido realizar um investimento em certificação, principalmente se sua empresa lhe patrocinar na preparação e taxas de certificação (algo comum na TI, até pelo benefício da empresa se elevar na parceria com a entidade certificadora).
A certificação não trás ao profissional experiência, mas ao menos atesta que ele possui os conhecimentos daquela certificação (do mesmo modo que um candidato com experiência não necessariamente possui todos os conhecimentos necessários). Mas se o seu objetivo é atestar seus conhecimentos, existem formas muito mais baratas e eficazes de fazer isso do que uma certificação.
As empresas usam certificações como meio de aferir o nível de conhecimento dos profissionais. Contudo, apresentar um portfólio bem estruturado com projetos que já realizou no passado e explicando seus pormenores pode te dar a mesma credibilidade em um processo seletivo que uma certificação lhe traria. Plataformas como o Github te permitem postar projetos (mesmo que acadêmicos), onde um recrutador poderá ver o nível de trabalhos que você já realizou e o quanto se encaixa no perfil da vaga. E sabe quanto custa isso? R$ 0,00.
Outras formas de se promover são participar de Hacktons, competições ou eventos. Na área de IA e Machine Learning por exemplo, o Kaggle é uma plataforma que promove competições entre seus membros (algumas patrocinadas por empresas e com bons prêmios em dinheiro). Ter um trabalho ou projeto divulgado em uma plataforma como essa e referenciar isto eu seu currículo pode também te abrir muitas portas. A diferença neste caso (se tomarmos como exemplo uma competição com prêmios), é que ao contrário da certificação, você é quem será pago pelos seus esforços.
Ok, digamos que nenhum dos exemplos anteriores serviu para você. Falemos por exemplo que você é de alguma área de governança e não possui necessariamente códigos para postar no Github ou Kaggle. Ora, por que não divulgar seu trabalho na maior rede profissional: o LinkedIn? Você pode pensar em fazer posts com mapas-mentais, citações de autores de referência, resumos de ideias importantes, etc. Tendo uma boa rede e um bom networking, as pessoas te verão e poderão reconhecer sua autoridade no assunto. Novamente, uma visibilidade e reconhecimento que dificilmente você teria apenas colocando em seu perfil que é certificado.
Participar de grupos de discussão em sites e blogs da comunidade de sua tecnologia, como por exemplo a comunidade de Power BI; fóruns como o Stackoverflow e outros são também formas de ter seu conhecimento reconhecido. Plataformas como essas te dão selos e reconhecimentos em acordo com seu nível de interação apoiando outros usuários e tendo suas sugestões de soluções aceitas. Particularmente, esta é uma das técnicas que acredito como mais eficazes para reconhecer o conhecimento de alguém.
Não menos importante, se você é desinibido e gosta de se expressar, por que não criar seu próprio canal de comunicação, no Youtube, Twitter e/ou Instagram por exemplo? Ter um canal em uma destas redes poderá fazer sua imagem e reconhecimento chegar a muito mais pessoas que apenas uma certificação escrita em um currículo faria. Compartilhar seus conhecimentos e experiências além de te promover, poderão ajudar outras pessoas. Em longo prazo, podendo até lhe monetizar e lhe tornar referência em determinado assunto.
Enfim, podemos concluir que as certificações podem ter suas utilidades, até mesmo porque algumas empresas e governos que terceirizam serviços em consultorias de TI colocam entre requisitos que os profissionais devem ser certificados. Contudo, o custo e taxas (somados ao preço do dólar em que maioria das certificações são vendidas), mais o esforço podem não te trazer tanto benefício como espera. Muito mais importante quando se avalia um profissional é identificar seu know-how na prática. Ver o que ele já fez, seu portfólio e habilidades. Como um Carinha de TI, nossa recomendação é que busque sempre mostrar mais na prática que na teoria.
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